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Santo Antônio de Pádua

 

O santo celebrado pela Igreja neste dia 13 de junho é cercado de tradições na devoção popular. Santo Antônio de Pádua, também conhecido como Santo Antônio de Lisboa, tem a fama de casamenteiro e é invocado para encontrar objetos perdidos, por exemplo. Mas a sua vida e sua obra também lhe renderam outros títulos e ensinamentos para a vida do povo de Deus.

Sobre os casamentos que são realizados com a ajuda do santo, a tradição surge de um convite à confiança na providência de Deus feita por Santo Antônio a uma jovem pobre. Segundo o relato, a jovem teria pedido a bênção do então frei Antônio porque não conseguia realizar o casamento por causa da baixa condição financeira de sua família. Sem dinheiro, não seria possível o pagamento do dote, das vestimentas e do enxoval. O frei abençoou a moça e pediu que confiasse; passados alguns dias, a mulher recebeu tudo o que precisava e conseguiu se casar.

Santo Antônio é patrono das mulheres estéreis, dos pobres, dos viajantes, dos pedreiros, dos padeiros, entre outros. Devido à sua caridade com os pobres, com frequência se representa Santo Antônio oferecendo pão a indigentes. Santo Antônio também é considerado um dos doutores da Igreja, sendo chamado de “Doutor do Evangelho”, pela riqueza da sua pregação. Também foi intitulado “O santo de todo o mundo” pelo Papa Leão XIII.

Ser tudo para todos: De seu testemunho de amor a Cristo e de comprometimento com o anúncio do Evangelho, é comum falar dele recorrendo à expressão “ser tudo para todos”, citando um versículo do capítulo 9 da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: “Quando estou entre os fracos na fé, eu me torno fraco também a fim de ganhá-los para Cristo. Assim, eu me torno tudo para todos, a fim de poder, de qualquer maneira possível, salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho a fim de tomar parte nas suas bênçãos.” I Cor 9, 21-23

Santo Antônio fez esta DECISÃO e OPÇÃO FUNDAMENTAL ao decidir que abriria mão de seus direitos de herança familiar e obter muitas fortunas materiais, para tomar o caminho de discípulo missionário de Jesus Cristo, na VIDA

FRANCISCANA. Sua grande “FORTUNA” era ser tudo para todos, a serviço do Evangelho.

A imagem de Santo Antônio com o menino Jesus nos braços (inspirada em uma visão mística) e com a Sagrada Escrita continua “bem atual, inspirando o modo de ser e viver de todos nós, numa linguagem que antes de ser argumentativa, deve ser de testemunho e narração. Devemos ressaltar as “riquezas de ensinamentos espirituais contidas nos ‘Sermões de Antônio’”, como os dois trechos destacados abaixo: “Ó ricos, tornai-vos amigos dos pobres, acolhei-os nas vossas casas: serão depois eles, os pobres, quem vos acolherão nos eternos tabernáculos, onde há a beleza da paz, a confiança da consciência, a opulenta tranquilidade da eterna saciedade” Santo Antônio, Sermones Dominicales et Festivi II, p.29

“Se pregas Jesus, Ele comove os corações duros; se o invocas, alivia das tentações amargas; se o pensas, ilumina o teu coração; se o lês, sacia-te a mente” Santo Antônio, Sermones Dominicales et Festivi II, p.59

O Papa Francisco, na exortação sobre a juventude refletiu sobre esse momento na vida dos jovens em ter de considerar os passos futuros. Vamos lê-la, tendo em vista o jovem Fernando: “Quando se trata de discernir a própria vocação, há várias perguntas que é preciso colocar-se. (…) Para não se enganar, é preciso mudar de perspectiva, perguntando: Conheço-me a mim mesmo, para além das aparências ou das minhas sensações? Sei o que alegra ou entristece o meu coração? Quais são os meus pontos fortes e as minhas fragilidades? E, logo a seguir, vêm outras perguntas: Como posso servir melhor e ser mais útil ao mundo e à Igreja? Qual é o meu lugar nesta terra? Que poderia eu oferecer à sociedade? E surgem imediatamente outras muito realistas: tenho as capacidades necessárias para prestar este serviço? Em caso negativo, poderei adquiri-las e desenvolvê-las?” (Christus Vivit, 2019, n. 285).

“Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído” (Evangelii Gaudium, 2013, n.3).

No mesmo documento, o Papa exorta os pregadores, sobretudo ao se referir à homilia: “A homilia não pode ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos midiáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração. É um gênero peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro duma celebração litúrgica; deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou uma lição. O pregador pode até ser capaz de manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas assim a sua palavra torna-se mais importante que a celebração da fé” (Evangelii Gaudium, 2013, n.138).

Lembremo-nos da tradição do “pão de Santo Antônio”. Pão tem a ver com fome, e fome representa muita coisa. Os Titãs já perguntavam: “você tem fome de quê? (…) A gente quer comida, diversão e arte; a gente não quer só comida, a gente quer saída para

qualquer parte” (Comida, 1987). Para além de uma ação assistencialista, realizada muitas vezes como uma “caridade por receita” (Evangelii Gaudium, n.180), Francisco nos convida a considerar o amplo contexto socioeconômico. Diz assim: “Nalguns círculos, defende-se que a economia atual e a tecnologia resolverão todos os problemas ambientais, do mesmo modo que se afirma, com linguagens não acadêmicas, que os problemas da fome e da miséria no mundo serão resolvidos simplesmente com o crescimento do mercado” (Laudato Si, 2015, n.109).

Estamos vivendo o ano jubilar da esperança. O Papa Francisco nos convida a não perdermos a esperança: “Convido à esperança que nos fala duma realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive. Fala-nos duma sede, duma aspiração, dum anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor. (…) Caminhemos na esperança! (Fratelli Tutti, 2020, n.55). Se por acaso tenhamos perdido a esperança, talvez possamos recorrer a Santo Antônio para que nos ajude a reencontrá-la.

A esperança – como ensinou Santo Antônio – nunca decepciona! Viva Santo Antônio!

Padre Wagner Augusto Portugal 

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