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Tempo do Advento

Advento: o que significa e como viver esse tempo? | Scalabrinianos -  Missionários de São Carlos

Estamos vivenciando o Tempo do Advento: tempo de espera e de vigilância. Muitas pessoas estão neste mês de dezembro preocupados com presentes, árvore de Natal e festas, junto com comilanças e bebedeiras e se esquecem do essencial que é o dono da festa, o Deus Menino, Jesus que nasce pobre, numa manjedoura para nos salvar!

Charles Dickens, um famoso romancista inglês, escreveu certa vez: “Honrarei o Natal em meu coração e tentarei conservá-lo durante todo o ano”. Penso que ele estava certo, pois o Natal precisa novamente ser honrado com urgência, porque, há muito tempo, as pessoas têm simplesmente ignorado o real sentido dessa data.

Sua Santidade o Papa Francisco, em uma de suas homilias sobre o Natal, não hesitou em afirmar à humanidade seu verdadeiro significado: “O Natal é mais! Nós vamos por esse caminho para encontrar o Senhor, porque o Natal é um encontro, e nós caminhamos para encontrá-Lo com o coração, com a vida, encontrá-Lo vivo, como Ele é, encontrá-Lo com fé”. O Natal é um encontro. Que bela definição o Santo Padre nos deu! Trata-se, portanto, de um encontro com Jesus, o Menino Deus que traz consigo o segredo da verdadeira paz à alma humana ainda tão agitada. Nesse encontro com Cristo, o Sumo Pontífice nos indica a oração, a caridade e o louvor como caminhos para uma boa preparação para bem celebrarmos o nascimento de Jesus.

Agora é tempo de Advento. Advento é um itinerário em preparação para o Natal. Gostaria de deter-me, neste primeiro caminho que é da oração, para vivenciarmos o Natal como aquilo que ele verdadeiramente é.

O mundo, nesta época, ensina-nos que tudo consiste em caprichar na compra de presentes, fazer aquela ceia maravilhosa com ricas iguarias, ter o maior número possível de enfeites natalinos dentro de casa, chamar todos os parentes para uma confraternização social – mesmo que, durante os outros 364 dias do ano, vocês nem se falem mais! – e dar, além de tudo isso, umas generosas contribuições para as tais “caixinhas de Natal”.

Tudo na vida tem real significado e valor. O Natal é, sobretudo, o aniversário do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo de Deus que se fez carne e habitou

entre nós para nos salvar. Mas grande parte da nossa sociedade, tão consumista e alienada, simplesmente celebra o aniversário ignorando o aniversariante.

Nós cristãos não estamos isentos de tal risco. Podemos cair no mesmo equívoco de celebrar esta grande festa ignorando o aniversariante, que é Cristo. Para que isso não aconteça, segue o conselho constante que a Mãe de Jesus nos dá em Medjugorje: “Queridos filhos, rezem, rezem e rezem”.

Preparemos o aniversário de Jesus com as nossas orações. Quando nos decidirmos viver o Natal em oração, já estaremos começando a experimentar esse encontro com o Menino Deus. É por meio da oração, dessa busca de uma maior intimidade com Deus, que adentramos no castelo do Rei dos reis e nos livramos daquelas amarras de ressentimentos e lembranças amargas que nos oprimem e estragam o nosso Natal. Porém, não se iluda, meu irmão, pois esse “castelo” nos é revelado na pobreza da gruta de Belém, na qual o Trono de Graça se fez simples manjedoura, e Aquele que detém todo poder e autoridade nas mãos manifesta-se na fragilidade de uma criança nos braços de Sua Mãe.

Somente aquele que reza consegue contemplar esses sinais escondidos, os quais o mundo ainda não foi capaz de enxergar. Aquele que se decidir a viver o Natal em oração, com certeza o viverá de maneira mais santa, renovada e feliz, pois o homem que reza jamais se encontra sozinho. Ele é semelhante àqueles Reis Magos que caminhavam por terras desconhecidas sob a guia de uma estrela. A luz que vinha do Alto os direcionava. O mesmo acontece com a alma orante: ela é sempre conduzida pelo Céu e para o Céu.

Não deixe para rezar somente no Dia de Natal: Que tal fazermos essa maravilhosa experiência nesse tempo? Prepare-se bem para o Natal por meio da oração e não deixe para rezar somente no grande dia. Comece antes, comece agora! Reze o Santo Terço em família, leia na Bíblia as verdadeiras histórias do Natal para seus filhos, participe bem das Santas Missas durante este tempo, faça uma boa confissão e, nos últimos dias do Advento, reze a Novena de Natal com os seus.

Enfim, deixe que a força da oração o guie em direção à gruta de Belém. Ali, você contemplará o Filho de Deus que se fez um de nós e aprenderá que o Natal é a oportunidade que a humanidade tem de recordar que o verdadeiro amor consiste em doar-se até o fim com humildade e simplicidade. Ali, naquela manjedoura construída pela paz em seu coração, você poderá admirar o sorriso do Menino Jesus. Diante desse singelo sorriso, é impossível que a alma humana permaneça sofrendo na dor e na solidão!

Com o Natal será aberto o Jubileu Ordinário de 2025 que nos chama a sermos peregrinos da esperança. O Papa Francisco, na Bula que convocou o Jubileu, ensinou: “Devemos manter acesa a chama da esperança que nos foi dada e fazer todo o possível para que cada um recupere a força e a certeza de olhar para o futuro com espírito aberto, coração confiante e mente clarividente. O próximo Jubileu poderá favorecer imenso a recomposição dum clima de esperança e confiança, como sinal dum renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência. Por isso escolhi o lema Peregrinos de esperança.” O Papa Francisco definiu também este ano jubilar como um “dom de graça” a ser experimentado através de “peregrinações, indulgências e testemunhos vivos de fé”.

Uma das dimensões mais importantes do tempo do Advento e mesmo do Jubileu é a remissão dos pecados: uma boa confissão. Que possamos lavar nossa alma pedindo perdão de todos os nossos pecados! Deus te ajude neste bom propósito!

Estamos as portas do Jubileu da Esperança do ano santo da redenção de 2025. Por isso quero propor um Natal diferente dos anos anteriores, um Natal preparado em oração, que marque definitivamente esse tempo novo de recomeços e retomadas na sua vida.

Padre Wagner Augusto Portugal

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