O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em 2016, ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A data, celebrada anualmente no 33º Domingo do Tempo Comum, busca conscientizar a comunidade sobre a realidade da pobreza e convidar todos a ações concretas de solidariedade e compaixão com os mais vulneráveis.
A iniciativa surgiu como um chamado à Igreja e à sociedade para reconhecerem a presença de Cristo nos pobres e excluídos, e para responderem a essa realidade com amor e serviço. No Brasil, a Igreja adotou a Jornada Mundial dos Pobres, e não apenas o Dia Mundial dos Pobres, para ir além de uma celebração pontual e promover um período amplo de reflexão, conscientização e ações concretas em prol das pessoas empobrecidas. A ação, que se estende por uma semana, permite que as comunidades e paróquias se envolvam em diversas atividades com as pessoas em situação de pobreza.
Símbolos da Jornada Mundial dos Pobres 2024: A arte criada para a VIII Jornada Mundial dos Pobres é rica em simbolismo, transmitindo mensagens sobre a importância da compaixão, da solidariedade e da justiça social. Cada elemento visual foi cuidadosamente escolhido para representar os desafios enfrentados pelas pessoas em situação de empobrecimento e para inspirar ações concretas em resposta ao seu clamor. Através desses símbolos, a arte da Jornada Mundial dos Pobres convida à reflexão sobre a realidade da pobreza e nos inspira a agir em favor de um mundo justo e solidário, onde o clamor dos pobres seja ouvido e atendido.
A Comunidade eclesial: Em uma Igreja unida, encontramos referências na comunhão, na diversidade, na solidariedade. Somos comunidades que se apoiam, celebram juntas e caminham na fé, reconhecendo que a união fortalece nossa missão e testemunho e leva a compromissos concretos.
Mesa da refeição: esta é a mesa da abundância, um espaço onde todos são bem-vindos, independentemente de sua origem, condição social ou crenças. Aqui, a comida é um símbolo de união e partilha, um lembrete de que todos merecem ter suas necessidades básicas atendidas. A mesa da abundância é um lugar de inclusão, onde ninguém é deixado de fora.
A cisterna: evoca a ação da Igreja na promoção de políticas públicas que garantam o acesso à água, um direito humano fundamental. Representa a busca por mudanças estruturais que proporcionem dignidade e desenvolvimento às comunidades.
A feira da agricultura familiar: simboliza a conexão vital entre o campo e a cidade, promovendo o desenvolvimento local e a segurança alimentar. A parceria entre a Igreja e o poder público fortalece essa iniciativa, valorizando a diversidade cultural e produtiva do Brasil.
Iniciativas emergenciais em parceria com a feira: representam a solidariedade em ação, construindo uma rede de apoio e cuidado que promove a dignidade de cada indivíduo e fortalece os laços comunitários.
O encontro de gerações: na imagem, uma mulher idosa, com o rosto marcado pela sabedoria dos anos, acolhe em seus braços uma criança, símbolo da esperança e do futuro. O gesto terno e protetor expressa a profunda conexão entre as gerações, transmitindo a mensagem de que o futuro se constrói no presente, mediante atitudes de compaixão e empatia. A posição da mulher, ajoelhada diante da criança, reforça a ideia de proximidade e humildade, demonstrando que o aprendizado é mútuo, que a sabedoria não está apenas na experiência, mas também na capacidade de se abrir para o novo, de ouvir e acolher as novas gerações com amor e respeito.
A Sagrada Família em busca de refúgio: esta imagem, relacionada à realidade contemporânea de migrantes e pessoas em situação de rua, destaca a vulnerabilidade e a busca por segurança e dignidade que unem esses grupos.
Povos Indígenas, comunidades tradicionais e povos do campo: guardiões ancestrais da nossa Casa Comum, personificam a harmonia com a natureza e a importância da luta pela garantia de seus direitos. Essa luta, intrinsecamente ligado ao cuidado do nosso planeta, é fundamental para o cuidado e a proteção da Terra, nosso lar compartilhado.
O Papa Francisco escolheu um lema particularmente significativo para o VIII Dia Mundial dos Pobres, neste ano dedicado à oração, que nos prepara para o Jubileu Ordinário de 2025: “A oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Sir 21, 5). Esta expressão, que nos chega do antigo autor sagrado Ben Sira, torna-se imediata e facilmente compreensível neste contexto.
Na sua Mensagem, o Papa volta a recordar-nos que os pobres têm um lugar privilegiado no coração de Deus, que está atento e próximo de cada um deles. Deus ouve a oração dos pobres e, perante o sofrimento, fica «impaciente», até lhes fazer justiça. De facto, o livro de Bem Sira afirma que «o juízo de Deus será em favor dos pobres» (cf. 21,5).
O próximo Dia Mundial dos Pobres terá lugar a 17 de novembro de 2024, e o Santo Padre presidirá, como habitualmente, à celebração eucarística na Basílica de São
Pedro, no Vaticano. Seguir-se-á o tradicional almoço, com alguns dos pobres, na Aula Paulo VI, organizado, como no ano passado, pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, enquanto o Dicastério para a Evangelização irá atender às necessidades dos mais necessitados, com várias iniciativas de caridade. Na semana que precede a Jornada, todas as comunidades paroquiais e diocesanas serão chamadas a centrar as suas atividades pastorais nas necessidades dos pobres dos seus bairros através de sinais concretos.
Na sua Mensagem, por ocasião deste dia, o Papa Francisco convida todos a aprender a rezar pelos pobres e a rezar com eles, com humildade e confiança. O Dia Mundial dos Pobres é uma oportunidade para tomar consciência da presença dos pobres nas nossas cidades e comunidades, e para compreender as suas necessidades. Como sempre, o Papa menciona também os “novos pobres”, que nascem da violência das guerras, da “má política das armas” (n.º 4), que causa tantas vítimas inocentes.
O Papa reitera que a oração deve encontrar a confirmação da sua autenticidade na caridade concreta. De fato, oração e obras remetem uma para a outra: “Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; (…) contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota” (n. 7). Esta é a herança que nos deixaram tantos santos da história, como Santa Teresa de Calcutá, que repetia sempre que a oração era o lugar de onde tirava a fé e a força para servir os pobres. Na Mensagem, encontramos também o exemplo de São Bento José Labre, “vagabundo de Deus”, pobre entre os pobres, cuja urna, que se encontra em Roma, na igreja de Santa Maria ai Monti, é visitada por muitos peregrinos.
Não esqueçamos, no entanto, as muitas pessoas que, nas nossas cidades, continuam a dedicar uma grande parte do seu tempo a ouvir e a apoiar os mais pobres. São rostos concretos que, com o seu exemplo, “são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem” (n.7). O Dia Mundial dos Pobres é também uma ocasião para recordar cada um deles e agradecer ao Senhor.
A Mensagem do Papa Francisco para este 8º Dia Mundial dos Pobres convida, pois, todos a uma atenção espiritual mais séria para com os pobres, que precisam de Deus e de alguém que seja sinal concreto da Sua escuta e proximidade.
De uma maneira concreta devemos ajudar não só no Dia Mundial do Pobre, mas em todos os dias do ano aqueles que mais precisam. Isto agrada a Deus e a nos ajuda a desapegar dos bens materiais repartindo o que temos e somos com quem mais precisa. Sejamos desapegos e generosos em socorrer, acolher, amar e dar atenção aos mais pobres!
Padre Wagner Augusto Portugal
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