Meus
queridos Irmãos,
Louvado
Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Estamos adentrando no último quartel
do ano litúrgico. No domingo próximo celebraremos a festa de Nosso Senhor Jesus
Cristo, Rei do Universo. Na semana seguinte, depois das comemorações alusivas
ao Senhorio do Redentor do gênero humano, iniciamos o tempo especial de
preparação do Advento na doce e festiva esperança do Nascimento do Salvador, o
Menino Jesus, com a proximidade da abertura do ano santo da misericórdia, a ser
iniciado em 08 de dezembro, com a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem
Maria.
Por
isso mesmo a liturgia de hoje é permeada de gostinho de céu, de gostinho das
bem-aventuranças eternas. Refletimos hoje sobre a realidade eterna, sobre o
céu, sobre as bem-aventuranças. Por isso podemos cantar como o Senhor nos
ensinou na oração universal: “Vivendo de esperança, aguardamos a vinda
gloriosa do Cristo Salvador!” Jesus
volta ao mundo para coroar de êxito toda a esperança humana, toda a esperança
nesta nossa caminhada de fé e de graça. Nada de fim de mundo, mas de início de
uma nova vida, a vida eterna, a vida na graça, a vida que brota da própria vida
que é Jesus, o Senhor.
Para
muitos que não tem fé a morte é o fim, conforme refletimos na festa de finados.
Mas, para os cristãos a morte é permeada de sentido eterno, de sentido de
salvação, de sentido escatológico, de uma visão beatífica junto de Deus. Todos
nós morremos um pouco diariamente: morremos para o pecado, morremos para a
auto-suficiência, morremos para o consumismo, morremos para a vaidade, e
renascemos para a graça, renascemos para a santidade, renascemos para a vida
nova, renascemos para a vida de comunidade, para a vida da misericórdia aonde
procuramos a vida de comunhão na Santíssima Trindade. O cristão não espera uma
coisa determinada. O cristão espera por uma pessoa determinada, com nome e
sobrenome: JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO, e REI DE NOSSA VIDA.
A morte é um acontecimento pessoal, entre duas pessoas: nós e o Cristo, que nos
vem ao encontro para fazer conosco uma comunhão. O fim do homem não é a morte e
o nada, mas Jesus Cristo, em direção de quem crescemos ao longo da vida. No
momento do encontro, une-se nossos destinos, identifica-se nossa história.
Nele, o “Vivente”(Cf Ap 1,18), viveremos para sempre.
Estimados
irmãos,
Jesus está em Jerusalém (cf. Mc.
13,24-32). Lá ele pronunciará o chamado Discurso Escatológico, ou seja, o
discurso que trata das coisas após a morte. Usando um estilo apocalíptico Jesus
retoma suas grandes lições para a vida da comunidade no presente e seu caminhar
para o amanhã. Nos ensinamentos de Jesus, muitas vezes presente e futuro se
confundem. A história da salvação é um projeto que vai se realizando. Por isso
é sempre alguma coisa a vir e, ao mesmo tempo, alguma coisa que está
acontecendo e nos envolve e nos anima.
A segunda vinda de Jesus é chamada
de Parusia, ou seja, de chegada. Jesus retornará repleto de seu resplendor e
cheio de autoridade para julgar os vivos e os mortos. Será o Rei da Justiça e o
Pai da Misericórdia, sendo estes o seu código de julgamento: “a salus
animarum”, como cantou o autor eclesiástico das letras canônicas,
ou seja, o homem que defenderá a salvação das almas. Aqueles que construíram em
vida um caminhar repleto de misericórdia e de justiça, vivendo na graça de
Deus, cumprindo os seus mandamentos, sendo caridoso, cumprindo com as
prescrições de uma vida santa e coerente, este poderá entrar no regaço do
Senhor, vem bendito do meu Pai ocupar o lugar que vos foi preparado.
O Santo Evangelho de hoje realça
exatamente esta segunda vinda de Cristo: esperança, desapego e boas obras são a
senha para uma vida digna de ser aquinhoado com a vida eterna. Para o doce
encontro com o Senhor Ressuscitado é mister ficar desapegado de tudo, destruir,
ao longo da vida, o templo em que adoramos os nossos ídolos, que impedem de
todo ver ou impedem de ver com limpidez e candura a face amorosa de Deus.
Cultivamos nossos ídolos como se fossem sagrados, por isso mesmo levam o nome
de ídolos. Quantas vezes damos maior importância a nossa casa, ao nosso carro,
ao nosso celular, ao nosso computador, a nossa roupa ou ao nosso passeio?
Quantas vezes estes bens transitórios são mais importantes do que os bens
eternos que repousam e residem em Jesus Cristo e na sua Santa Igreja Católica?
Jesus alude a destruição do Templo, efetivamente ocorrida no ano 70, não para
falar do templo estrutura construída por mãos humanas, mas para realçar o seu
templo que foi destruído com a morte e reerguido com a vitória sobre a morte
com a ressurreição ao terceiro dia.
Os cristãos, convictos de que Deus tem um projeto de vida
para o mundo, têm de ser testemunhas da esperança. Nós, os batizamos, não
podemos ler a história atual da humanidade como um conjunto de dramas que
apontam para um futuro sem saída. Ao contrário devemos ver os momentos de
tensão e de luta que hoje marcam a vida dos homens e das sociedades como sinais
de que o mundo velho irá ser transformado e renovado, até surgir um mundo novo
e melhor. Para o cristão, não faz qualquer sentido deixar-se dominar pelo medo,
pelo pessimismo, pelo desespero, por discursos negativos, por angústias a
propósito do fim do mundo… Os nossos contemporâneos têm de ver em nós, não
gente deprimida e assustada, mas gente a quem a fé dá uma visão optimista da
vida e da história e que caminha, alegre e confiante, ao encontro desse mundo
novo que Deus nos prometeu. Por isso mesmo é Deus, o Senhor da história, que
irá fazer nascer um mundo novo; contudo, Ele conta com a nossa colaboração na
concretização desse projeto. A religião, a fé católica, não é ópio que adormece
os homens e os impede de se comprometerem com a história… Os cristãos não podem
ficar de braços cruzados à espera que o mundo novo caia do céu; mas são
chamados a anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os
seus gestos, esse mundo que está nos projetos de Deus. Isso implica, antes de
mais, um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que, em nós e nos
outros, é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho);
isso implica, também, testemunhar em gestos concretos, os valores do mundo novo
– a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a
paz.
É Deus, o Senhor da história, que irá
fazer nascer um mundo novo; contudo, Ele conta com a nossa colaboração na
concretização desse projeto. A religião não é ópio que adormece os homens e os
impede de se comprometerem com a história. Os cristãos não podem ficar de
braços cruzados à espera que o mundo novo caia do céu; mas são chamados a
anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus
gestos, esse mundo que está nos projectos de Deus. Isso implica, antes de mais,
um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que, em nós e nos
outros, é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho);
isso implica, também, testemunhar em gestos concretos, os valores do mundo novo
- a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a
paz.
Amados
Irmãos,
Jesus é a porta da vida eterna: esse
é um encontro que nenhum de nós poderá fugir. É um encontro inexorável. “O
céu e a terra passarão, minhas palavras não passarão”. (Mc 13,31) A
primeira Leitura(Dn 12,1-3) nos conta como os apocalípticos antes de Jesus
imaginavam os últimos dias. Os justos ressuscitarão para a vida eterna, os
impôs para a vergonha sem fim. A realidade decisiva não é aquela que se mostra
aos nossos olhos. A nossa ressurreição, entretanto, já começou na medida em que
nossa vida está toda unida à de Cristo, que ressuscitou pela salvação de nossos
pecados. A vida que dura não é a das células do corpo, mas a da comunhão em
Deus. A ressurreição de Jesus é a amostra segura dessa vida: quem segue Jesus,
já está encaminhado para essa vida que não tem limite, por ser a vida de Deus
mesmo. Jesus não perde a validade. Observando sua palavra e vivendo sua prática
de vida já estamos vivendo a vida sem fim que se manifestou na ressurreição de
Jesus.
Assim, depois que cada ser humano
tiver participado da sorte de Cristo, tiver enfrentado as provações,
perseverado no bem e vivido o mandamento do amor, será o fim. A realidade
última manifestar-se-á diante de todos. Os justos receberão a recompensa e os
que não tiverem acolhido o dom de Deus, serão confundidos para sempre. A
recompensa, a comunhão feliz com Deus e o próximo para sempre é chamado céu. A
confusão eterna é chamada de inferno, que consiste na eterna carência do amor
de Deus e ao próximo.
Aqueles que, apesar da perseguição e do sofrimento, se
mantiveram fiéis a Deus e aos seus valores, esses estão destinados à “vida
eterna”. A primeira leitura não explica diretamente em que consistirá essa
“vida eterna”; mas os símbolos utilizados (“resplandecerão como a luminosidade
do firmamento”; “brilharão como as estrelas com um esplendor eterno” – vers. 3)
evocam a transfiguração dos ressuscitados. Essa vida nova que os espera não
será uma vida semelhante à do mundo presente, mas será uma vida transfigurada.
É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis
a Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua vida não é – garante-nos o
nosso autor – sem sentido e não está condenada ao fracasso; mas a sua
constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna. Embora sem dados
muito concretos e sem definições muito claras, começa aqui a esboçar-se a
teologia da ressurreição.
O Livro de Daniel põe, também, a
questão da fidelidade aos valores verdadeiramente importantes, que estão para
além das conveniências políticas e sociais, ou das imposições e perspectivas de
quem dita a moda. Daniel, o personagem central do livro, é uma figura
interpelante, que nos convida a não transigirmos com os valores efêmeros,
sobretudo quando eles põem em causa os valores essenciais. O cristão não é uma
"cana agitada pelo vento" que, por interesse ou por cálculo, esquece
os valores e as exigências fundamentais da sua fé; mas é "profeta"
que, em permanente diálogo com o mundo e sem se alhear do mundo, procura dar
testemunho dos valores perenes, dos valores de Deus.
A certeza da presença de Deus a
acompanhar a caminhada dos batizados e a convicção de que a vitória final será
de Deus e dos seus fiéis, permite-nos olhar a história da humanidade com
confiança e esperança. O cristão não pode ser, portanto, um "profeta da
desgraça", que tem permanentemente uma perspectiva negra da história e que
olha o mundo com azedume e pessimismo; mas tem de ser uma pessoa alegre e
confiante, que olha para o futuro com serenidade e esperança, pois sabe que,
presidindo à história dos homens, está esse Deus que protege, que cuida e que
ama cada um dos seus filhos.
Prezados
irmãos,
A segunda leitura – Hb 10,1-18 –, é parte da conclusão da
reflexão sobre o sacerdócio de Cristo. O autor sagrado repete temas
desenvolvidos nos capítulos precedentes, procurando, uma vez mais, pôr em
relevo a dimensão salvadora da missão sacerdotal de Jesus. O objetivo é
despertar no coração dos crentes uma resposta adequada ao amor de Deus,
manifestado na ação de Jesus. Jesus, o Filho amado de Deus, veio ao mundo para
concretizar o projeto de Deus no sentido de nos libertar do pecado e de nos
inserir numa dinâmica de vida eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho,
Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor
a Deus e aos irmãos.
Por isso mesmo no dia do nosso Batismo, aderimos ao projeto
de vida que Jesus nos apresentou e passámos a integrar a comunidade dos filhos
de Deus. Resta-nos, agora, seguir os passos de Jesus e percorrer, dia a dia,
esse caminho de amor e de serviço que Ele nos deixou em herança. É um
compromisso sério e exigente, que necessita de ser continuamente renovado. O
nosso compromisso com Jesus e com a sua proposta de vida exige que, como Ele,
vivamos no amor, na partilha, no serviço, se necessário até ao dom total da
vida; exige que lutemos, sem desanimar, contra tudo aquilo que rouba a vida do
homem e o impede de chegar à vida plena; exige que sejamos, no meio do mundo,
testemunhas de uma dinâmica nova – a dinâmica do amor. A nossa vida tem sido
coerente com esse compromisso?
O pecado, consequência da nossa
finitude, é sempre uma realidade que impede a comunhão plena com Deus e o
acesso à vida verdadeira. É, portanto, algo que constitui um obstáculo à nossa
realização plena, ao aparecimento do Homem Novo. Deus não abandona o homem que
faz, mesmo conscientemente, opções erradas. O nosso egoísmo, o nosso orgulho, a
nossa auto-suficiência, o nosso comodismo, o nosso pecado não têm a última
palavra e não nos afastam decisivamente da comunhão com Deus e da vida eterna;
a última palavra é sempre do amor de Deus e da sua vontade de salvar o homem. Jesus,
o Filho amado de Deus, veio ao mundo para concretizar o projeto de Deus no
sentido de nos libertar do pecado e de nos inserir numa dinâmica de vida
eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho, Ele ensinou-nos a vencer o
egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. No dia
do nosso Baptismo, aderimos ao projecto de vida que Jesus nos apresentou e
passámos a integrar a comunidade dos filhos de Deus. Resta-nos, agora, seguir
os passos de Jesus e percorrer, dia a dia, esse caminho de amor e de serviço
que Ele nos deixou em herança. É um compromisso sério e exigente, que necessita
de ser continuamente renovado.
Prezados
irmãos,
Diante de tantos acontecimentos que trazem
sofrimentos à humanidade, a Palavra de Deus nos vem como esperança. As sombras
que marcam os tempos atuais são realidades que tocam a todos nós; muitas vezes
nos desafiam, nos inquietam e nos deixam sem respostas. A mensagem desta
liturgia é que Deus se faz presente nos dramas da humanidade. Ele não abandona
o barco à deriva. A humanidade não caminha para um holocausto ou para a
destruição. O encontro definitivo com o Senhor deve ser preparado na
perseverança em meio aos desafios, conflitos, sofrimentos e provocações. Jesus
não esconde que haverá desafios.
O cristão não se entrega ao
desespero diante das provações, pois acredita que Deus é o Senhor da história.
Enquanto caminham neste mundo, os discípulos de Jesus não cruzam os braços, mas
se envolvem ativamente na construção do Reino. Têm a convicção de que
permanentemente devem dar testemunho de sua fé e que finitude, limites e
imperfeições são parte da caminhada deste mundo. Para Deus, não há passado ou
futuro, mas o eterno presente em que somos chamados a servir, a ser fiéis aos
seus ensinamentos. Que Jesus, no seu regresso, possa encontrar uma comunidade
vigilante e atuante, que traduz em ações o que sua Palavra propõe.
Na contramão dos que anunciam um fim iminente, a liturgia
da Palavra deste domingo convida à esperança do “está perto”. A proximidade da
vinda do Filho do Homem não pode gerar medo, mas deve despertar para uma vida
alerta, vigilante, ressuscitada! É preciso viver bem o tempo que temos! O
destino do pecado e de todo o mal já está traçado! A literatura apocalíptica,
com forte acento escatológico, também é profética para nossos dias, marcados
por guerras, violências, injustiças. A comunidade é o lugar privilegiado para
gestar e cuidar da esperança, o motor de uma vida totalmente nova.
Caros
irmãos,
O sacrifício de Cristo capacitou-nos para servir a Deus com
uma consciência pura. Este sacrifício distingue-se dos do Antigo Testamento por
sua validade universal: uma vez para sempre. Não precisa ser repetido. Também
não existe consumação além daquela que Cristo operou. a ordem nova suplantou a
antiga, mas já não haverá outra depois desta. Só resta seguirmos o Cristo até o
fim.
É tempo de mudança e de conversão:
cada qual escolha a sua sentença: a condenação eterna ou a vida em Deus.
Assista-nos a Virgem da Esperança e Santo Antônio no nosso caminho de
santificação, Amém!
Padre Wagner Augusto Portugal.
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