Iremos celebrar no próximo dia 14 de setembro a Festa da Exaltação da Santa Cruz. A Exaltação da Santa Cruz é celebrada em 14 de setembro. Já no século V, o lenho da Santa Cruz era exposto à veneração do povo um dia após a festa da dedicação da Basílica do Santo Sepulcro — 13 de setembro de 335. Isso deu origem à festa da Exaltação da Santa Cruz, em 14 de setembro. Uma vez que já era celebrada em todos os ritos orientais com solenidade, foi acolhida pela Igreja Romana no século VII.
Eis que surgem os estandartes do Rei! Brilha o mistério da cruz, pela qual Aquele que é a vida sofreu a morte e da mesma morte retirou a vida. Essas palavras pertencem ao antigo hino Vexilla Regis, composto por Venâncio Fortunato, na segunda metade do século VI, em honra à Santa Cruz.
A Cruz, ao contrário do que possamos pensar à primeira vista, não é apenas símbolo de sofrimento, pois por meio dela a vida e a salvação se manifestaram. Sendo assim, não podemos permanecer indiferentes à Cruz, uma vez que ela está intrinsecamente ligada à nossa fé.
O que é a Exaltação da Santa Cruz? A Exaltação da Santa Cruz é uma festa cristã que tem como centro a recordação da Paixão de Jesus Cristo, que libertou a humanidade do pecado. É uma celebração que exalta a Cruz como símbolo do sacrifício redentor de Cristo, que, por amor, esvaziou-se de sua divindade para tornar-se humano 1, sofrer e morrer na Cruz pela salvação da humanidade.
A festa não exalta, portanto, a crueldade da Cruz, mas sim o profundo amor de Deus manifestado através do sacrifício de Jesus no madeiro. Além disso, a cruz revela a vitória da Vida sobre o pecado, a morte e o mal.
“Naquela ocasião, Jesus disse a Nicodemos: “Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também o Filho do Homem será levantado, a fim de que todo o que nele crer tenha a vida eterna”. De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por
Ele.” (Jo 3,13-17) Neste trecho, Jesus faz uma alusão à história do Antigo Testamento em que Moisés levantou uma serpente de bronze no deserto para curar aqueles que haviam sido mordidos por serpentes venenosas. (Nm 21,4-9) Da mesma forma, Jesus seria “levantado” na cruz para trazer a vida eterna a todos que nele crerem.
A Exaltação da Santa Cruz é uma festa cristã celebrada desde o século IV d.C., tendo origem na descoberta das relíquias da Cruz de Jesus pela Imperatriz Helena, em 14 de setembro de 320. Além disso, a tradição desta festa é rica em ensinamentos dos santos Padres da Igreja. Santo Agostinho destacou a importância da Cruz como símbolo da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. Assim, a verdadeira exaltação reside na Cruz, pois “o Senhor pela cruz e ressurreição, transfigurará o nosso corpo humilhando, conformando-o a seu corpo glorioso”.
São Cirilo de Jerusalém enfatizou que a Cruz é “uma graça de Deus, marca dos fiéis e terror dos demônios.”. Por isso, ele incentivava que se fizesse muitas vezes o sinal da cruz durante o dia, em quaisquer ocasiões: “Em qualquer ocasião com fé, traçamos com os dedos um sinal de cruz: quando comemos o pão ou bebemos, quando entramos ou saímos, antes de adormecer-nos, quando estamos deitados e quando levantamos […]”
Além disso, Santo Inácio de Antioquia declarou que a Cruz é um escândalo para os incrédulos, mas salvação e vida eterna para os seguidores de Cristo.
De acordo com São Justino de Roma, tudo tem sentido na Cruz, ou seja, ela é o que dá sentido para muitos aspectos da vida e do universo: “Tudo o que existe no mundo possui a sua comunicação com a figura da cruz de Cristo.” Já Santo Irineu enfatizou que a morte de Jesus na Cruz “foi a morte do justo pelos injustos”, e Cristo tornou justos todos aqueles que creem nele.
Tertuliano, padre dos séculos II e III, relacionou a Cruz à purificação da água e à vida sacramental da Igreja. E São Leão Magno ressaltou que todas as esperanças humanas têm seu fundamento na Cruz de Cristo. Sendo assim, abraçar a Cruz é renunciar aos vícios e celebrar a Páscoa do Senhor. O que dizem os santos? Exploramos anteriormente escritos dos Padres da Igreja sobre a Exaltação da Santa Cruz. Agora, vamos abordar escritos e sermões de alguns santos em relação a esta festa solene.
Santo André de Creta
Celebramos a festa da santa cruz, que dissipou as trevas e nos restituiu a luz. Celebramos a festa da santa cruz, e juntamente com o Crucificado somos levados para o alto, para que, deixando a terra do pecado, alcancemos os bens celestes. […] Preciosa, porque a cruz é simultaneamente o patíbulo e o troféu de Deus: o patíbulo, porque nela sofreu a morte voluntariamente; e o troféu, porque nela foi mortalmente ferido o demónio, e com ele foi vencida a morte. E deste modo, destruídas as portas do
inferno, a cruz converteu-se em fonte de salvação para todo o mundo. […] E para saberes que a cruz é também a exaltação de Cristo, escuta o que Ele próprio diz: Quando Eu for exaltado, então atrairei todos a Mim. Como vês, a cruz é a glória e a exaltação de Cristo.
São Paulo da Cruz
Os amigos do crucificado deverão celebrar com alegria a festa da cruz.
São João Crisóstomo
Não te envergonhes de tão grande bem, se não queres que também Cristo se envergonhe de ti quando vier na sua glória e o sinal da Cruz aparecer mais luminoso que os próprios raios do sol. […] Imprime, portanto, este sinal no teu coração e abraça esta Cruz, a quem devemos a salvação de nossas almas.
Santo Afonso de Ligório
Adoramos a Santa Cruz, gloriamo-nos de combater sob este estandarte triunfante, de ser herdeiros dos santos, e somos-lhes tão dessemelhantes! Há de ser sempre assim? Senhor, enviai-me as cruzes que as minhas culpas merecem, mas dai-me também força para carregá-las com paciência.
Exaltação da Santa Cruz nas nossas vidas: A festa da Exaltação da Santa Cruz não apenas celebra um evento histórico, mas também carrega um profundo significado espiritual em nossas vidas. Ela nos lembra da importância de abraçar as nossas próprias cruzes, que podem ser desafios, dificuldades, perdas ou até mesmo contratempos do cotidiano.
Abraçar a cruz em nossas vidas significa reconhecer que o sofrimento faz parte da experiência humana. Portanto, assim como Cristo carregou sua cruz, antes de ser crucificado, também somos chamados a carregar nossas próprias cruzes.
Dessa forma, os pequenos sofrimentos diários, muitas vezes tidos como triviais, podem ser oferecidos a Deus como atos de amor e devoção. Além disso, ao aceitarmos esses momentos com paciência e amor, transformamos essas situações em oportunidades de crescimento espiritual e união com Cristo em Sua paixão.
Vale recordar o que nos ensina São Paulo: “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.
Ao abraçarmos nossas cruzes e oferecermos nossos pequenos sofrimentos a Deus, seguimos o exemplo de Cristo — e de muitos santos. Assim, aproximamo-nos também da promessa da ressurreição e da vida eterna.
Exaltação, por fim, significa elevação, glorificação de algo — neste caso, da cruz. Portanto, a celebração da Exaltação da Santa Cruz é um dia oportuno para meditarmos os mistérios de nossa salvação, isto é, da Paixão de Cristo e assim contemplarmos o grande amor de Deus por nós manifestado na Cruz.
Algumas pessoas não-cristãs podem se perguntar: por que ‘exaltar’ a cruz? Podemos responder que nós não exaltamos uma cruz qualquer ou todas as cruzes: exaltamos a Cruz de Jesus Cristo, porque é nela que foi revelado o máximo amor de Deus pela humanidade. Olhemos o Evangelho de João na liturgia: ‘Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único’. O Pai ‘deu’ o Filho para nos salvar, e isso resultou na morte de Jesus e na morte na cruz.
Por que a cruz? que foi necessária a Cruz?” E explica que foi devido a “gravidade do mal que nos mantinha escravos”. A Cruz de Jesus exprime duas coisas: toda a força negativa do mal e toda a suave onipotência da misericórdia de Deus. A Cruz parece decretar o fracasso de Jesus, mas, na realidade, marca a sua vitória. No Calvário, aqueles que o injuriavam, diziam: “Se és Filho de Deus, desce da cruz”. Mas a verdade era o oposto: justamente porque era o Filho de Deus, Jesus estava ali, na cruz, fiel até o final ao desígnio do amor do Pai. E exatamente por isso Deus ‘exaltou’ Jesus, dando-lhe uma realeza universal”.
Sinal do amor de Deus: quando olhamos para a Cruz onde Jesus foi pregado, contemplamos o sinal do amor infinito de Deus por cada um de nós e a raiz da nossa salvação. Daquela Cruz vem a misericórdia do Pai que abraça o mundo inteiro. Através da Cruz de Cristo, se venceu o mal, a morte foi derrotada, a vida nos foi doada e a esperança restituída. A Cruz de Jesus é nossa única e verdadeira esperança! É por isso que a Igreja ‘exalta’ a Santa Cruz é por isso que, nós, cristãos, nos abençoamos com o sinal da cruz. Entretanto, a cruz não é um sinal ‘mágico’. Acreditar na Cruz de Jesus significa O seguir no Seu caminho. Dessa maneira, inclusive os cristãos colaboram com a Sua obra de salvação, aceitando com Ele o sacrifício, o sofrimento, como também a morte pelo amor de Deus e dos irmãos.
Perseguidos pela fidelidade a Cristo! Neste dia, enquanto a Santa Cruz é contemplada e celebrada, o papa convida os cristãos e lembrar de tantos irmãos e irmãs que são perseguidos e mortos por causa da sua fidelidade a Cristo. Isso acontece, em particular, lá onde a liberdade religiosa ainda não é garantida ou plenamente realizada. Acontece, porém, mesmo nos países e ambientes em que, em princípio, protegem a liberdade e os direitos humanos, mas onde concretamente os fiéis e, especialmente, os cristãos, encontram limitações e discriminações. Por isso, hoje, recordamos e rezamos de modo todo especial por eles.
Enquanto o mundo gira a Cruz permanece de pé!
Padre Wagner Augusto Portugal
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