Pular para o conteúdo principal

Aprender com os erros: um caminho de crescimento com Deus

 Aprender com os erros: um caminho de crescimento com Deus. Nossos erros não são o final do caminho, mas o ponto de partida para uma vida mais plena e consciente, guiada pela misericórdia de Deus.

“Deus não se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de recorrer à sua misericórdia” — dizia o Papa Francisco em uma de suas primeiras homilias como Sumo Pontífice. Esta frase resume com força o coração do aprendizado cristão: não somos perfeitos, mas somos chamados a crescer, inclusive — e especialmente — através dos nossos erros.

O erro como mestre, não como inimigo: Na cultura atual, marcada pelo imediatismo, pela estética e até pela perfeição, errar pode parecer inaceitável. No entanto, os erros fazem parte essencial da experiência humana. São sinais que nos indicam onde ajustar o rumo e oportunidades para aprofundar na humildade, na empatia e na dependência de Deus.

Cometer erros não é fracassar definitivamente. O maior fracasso seria fechar-se ao aprendizado e ao perdão. Pelo contrário, reconhecer nossos erros com sinceridade nos abre para uma vida mais autêntica e mais forte.

Curar a culpa com verdade e amor: É natural que, ao errarmos, sintamos culpa. Mas há duas formas de enfrentá-la: uma que paralisa e outra que transforma. A culpa sadia nos move ao arrependimento e à conversão; leva-nos a pedir perdão e a começar de novo. A culpa tóxica, por outro lado, faz-nos sentir indignos do amor, inclusive do amor de Deus.

Aprender sadicamente com nossos erros implica acolher a verdade do que fizemos, sem disfarçá-la, mas também fazê-lo a partir da confiança na infinita misericórdia divina. Como vemos na parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32), o regresso ao Pai não é condicionado por uma vida perfeita, mas por um coração arrependido.

Três chaves para aprender com os erros

1 – RECONHECER SEM JUSTIFICAR

Assumir nossa responsabilidade, sem culpar os outros nem nos escondermos atrás de desculpas. Esta atitude madura nos permite crescer com integridade.

2 – REFLETIR COM SERENIDADE

Perguntar-nos: O que Deus quis me ensinar através disto? Que fraqueza ou ferida preciso trabalhar? Às vezes, um erro revela um vazio que precisa ser curado.

3 – REPARAR E REORIENTAR

Sempre que possível, é importante pedir perdão e reparar o dano causado. Em seguida, dar passos concretos para não repetir o mesmo erro: buscar conselho, mudar hábitos, fortalecer-nos espiritualmente.

O papel da fé no processo: A fé não elimina os erros, mas transforma a forma como os vivemos. Ela nos recorda que não estamos sozinhos, que cada passo em falso pode ser um degrau para o alto se o colocarmos nas mãos de Deus. Como diz São Paulo: “Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28), inclusive as nossas quedas.

O sacramento da Reconciliação é, neste sentido, um presente inestimável. Ele não só nos purifica do pecado, mas também nos restitui a paz, a clareza e a força para seguir em frente.

Aprender com nossos erros: Aprender sadicamente com os erros é um ato de coragem e de fé. É confiar que Deus pode escrever certo por linhas tortas e que, mesmo em meio às nossas fragilidades, seu amor não deixa de operar. A vida cristã não é um caminho de perfeição sem tropeços, mas uma peregrinação onde cada queda pode ser uma oportunidade de nos levantarmos mais sábios, mais humildes e mais perto do Coração de Deus.

Quem reza, aprende a dizer obrigado, e nós esquecemos disso, somos egoístas. Quem reza pede a Deus que seja benévolo com ele e, por mais que haja esforços, permanece sempre uma dívida diante de Deus que jamais pode ser restituída. Ele nos ama infinitamente mais do que podemos amá-Lo. E, por mais que nos comprometamos a viver segundo os ensinamentos cristãos, sempre haverá algo para o qual pedir perdão. Todo cristão sabe que existe para ele o perdão dos pecados, nada no Evangelho faz pensar o contrário. Todavia a graça de Deus é abundante, mas também empenhativa: Quem recebeu deve aprender a dar, e não prender para si o que recebeu. No Evangelho de Mateus, se dá destaque justamente a esta frase do perdão fraterno: Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.

Amor chama amor, perdão chama perdão. Se você não se esforçar em perdoar, não será perdoado; se não se esforçar em amar, não será amado. Jesus insere nas relações humanas a força do perdão; e lembrou que, na vida, nem tudo se resolve com a justiça, sendo preciso amar além do devido, pois o mal conhece as suas vinganças e, se não for interrompido, corre o risco de se expandir, sufocando o mundo inteiro. Jesus substitui a lei de talião pela lei do amor. Agora não é mais o que fizer a mim, eu restituo a você, mas o que Deus fez a mim, eu faço a voc. Se eu estou disposto a perdoar e, se não me sinto capaz, pedir ao Senhor a graça de perdoar. Perdoar é uma graça. Deus doa a cada cristão a graça de escrever uma história de bem na vida dos seus irmãos, especialmente daqueles que realizaram coisas ruins. Com uma palavra, um abraço e um sorriso podemos transmitir aos outros aquilo que recebemos de mais precioso: o perdão.

Padre Wagner Augusto Portugal

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS E DOS HOMENS

“Hoje surgiu a luz para o mundo: O Senhor nasceu para nós. Ele será chamado Admirável, Deus, Princípe da paz, Pai do mundo novo, e o seu reino não terá fim” (Is 9,2.6; Lc 1,33)   Meus queridos Irmãos,               A Solenidade de Hoje é muito antiga dentro da Tradição Litúrgica da Igreja Católica. Remonta ao Concílio Ecumênico de Éfeso, que foi realizado nesta cidade no ano de 431 da era cristã, em que a Igreja concedeu a Virgem Maria o Título de “Mãe de Deus”. Se Maria é Mãe de Deus, também por ser por obra e graça do Espírito Santo Mãe de Cristo, ela também é Mãe de todos os viventes, de todos os homens e de todas as mulheres.             Maria, pela celebração de hoje, está inscrita no livro da vida eterna. Está inserida no projeto de salvação e, também, se reafirma que Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de Deus encarnado em Maria. Professar a Maternidade...

21º Domingo do Tempo Comum – B

  “Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai, meu Deus, o servo que confia em vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro.” (Sl 85,1ss)   Irmãos e irmãs, A pergunta da primeira coluna da Igreja – São Pedro – permeia toda a liturgia deste domingo: “A quem iremos, Senhor?” (Jo 6,68a). Os homens, aqueles que são apegados às coisas mundanas, devem ter muita dificuldade de proclamar e viver que Cristo é o único ponto de referência da criatura humana. Daí a pergunta de Pedro: “A quem iremos, Senhor?” Ora, para preparar o ânimo e o coração, Jesus multiplicara o pão e os peixes. Este significativo milagre não abriu os olhos e os corações do povo hebreu. Por isso, Jesus procurou dizer-lhe que não é a inteligência que conta, mas somente a fé, que pode ser iniciada pela admiração dos sinais - os milagres -, que se concretiza e cresce na escuta e prática dos ensinamentos de Jesus, completando-se na comunhão de pensamentos, ação e destinos. O Evange...

Solenidade de São José, C

“Eis o servo fiel e prudente a quem o Senhor confiou a sua casa” (Lc 12,42). A festa de São José toca cordas muito sensíveis do coração humano. Por outro lado, contém um aspecto de mistério, que, à primeira vista, parece ser um estar por fora, porém, quando se olha bem, se revela ser um estar por dentro. Mas, para que esta mudança de ótica se realize, deve acontecer primeiro a fé, que é a maneira adequada para encontrar um mistério. José, chefe da família de Nazaré, humilde, justo, modelo dos trabalhadores e patrono universal da Igreja, cumpriu com fidelidade à vontade divina. Foi servo atencioso no momento de anunciação e no cuidado com Maria e com o menino Jesus. Confiando em sua poderosa intercessão, rezemos em favor de nossas famílias e pela paz no mundo! Esta celebração tem profundas raízes bíblicas. José é o último patriarca que recebe as comunicações do Senhor através da humilde via dos sonhos (cf. Gn 28,12-14; Mt 1,20-24). Assim como o antigo José, é o homem justo e fiel (Mt 1,...